quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O impacto da transformação de uma vida em outra

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Ciência Biologia

O impacto da transformação de uma vida em outra

Feito tecnológico de Venter causou revolução midiática como a clonagem da ovelha
Dolly em 1996


Mayana ZatzEdição Impressa 172 - Junho 2010
© wikimedia commons

Dolly (acima) e DNA sintético: polêmicas
"Criada vida artificial”, “Ciência cria primeira célula sintética” foram algumas das manchetes citando o trabalho de Craig Venter, publicado na revista Science, “Creation of a bacterial cell controlled by a chemically synthesized genome”. Na realidade foi uma bela obra de engenharia genética, mas não se criou vida. A equipe de cientistas utilizou vidas existentes, tanto de bactérias como de leveduras, para conseguir esse feito. É importante deixar isso muito claro. O que os pesquisadores fizeram foi transformar uma vida em outra, no caso uma bactéria Mycoplasma capricolum em outra, a Mycoplasma mycoides. Esse feito me lembrou a clonagem da ovelha Dolly, por Ian Wilmut, em 1996. Os dois causaram uma revolução midiática e podem até ser comparados. Wilmut transferiu o genoma retirado de uma célula – no caso, da glândula mamária da ovelha Dolly – para um óvulo sem núcleo e, após inseri-lo em útero, gerou um clone de Dolly. Venter transferiu o genoma de uma bactéria em outra que assumiu o comportamento da primeira.

Não poderia haver ninguém mais capacitado do que Venter para montar o quebra-cabeça do genoma de uma bactéria – com 1 milhão de pares de bases – e sintetizá-lo no laboratório. Afinal, foi ele que inventou um método para desmontar o quebra-cabeça do genoma humano – o que permitiu acelerar muito o seu sequenciamento. Para quem desenvolveu tecnologias capazes de sequenciar um genoma de 3 bilhões de pares de bases – o genoma humano – remontar os pedaços de DNA de um genoma de 1 milhão de pares de bases, como é o caso da bactéria Mycoplasma mycoides, parecia fácil. Afinal, ela é 3 mil vezes menor. Mas, mesmo assim, foram 15 anos de trabalho envolvendo 24 cientistas, a um custo de US$ 40 milhões. Nada trivial! A sequência do genoma da Mycoplasma mycoides já estava disponível no banco de dados do computador. Mas, para copiar a receita e sintetizar um cromossomo artificial no laboratório, os pesquisadores tiveram que usar leveduras – que também são organismos vivos – e que têm a capacidade de unir pequenos pedaços de DNA. Uma vez sintetizado o DNA, o próximo obstáculo era inseri-lo em outra bactéria, conseguir que a célula receptora não destruísse o genoma exógeno e o incorporasse como se fosse seu. Sem dúvida, um grande feito de engenharia genética.

Trata-se de uma revolução? Midiá­tica, sem dúvida. A repercussão na imprensa do trabalho de Venter me lembrou da clonagem da ovelha Dolly por Ian Wilmut em 1996. Vocês devem se lembrar. “Vão clonar seres humanos! Estão brincando de Deus. Vamos criar imediatamente comitês científicos para proibir a clonagem reprodutiva humana.” Isso era repetido constantemente pela mídia. Lembro-me muito bem porque fui convidada a fazer parte de um desses comitês, todos preocupadíssimos em proibir a clonagem humana. Eu estava muito menos temerosa com os riscos de se fazerem clones humanos e muito mais interessada em que se aprovassem as pesquisas com células-tronco embrionárias. E foi o que acabou acontecendo. Hoje, 14 anos depois, ninguém mais fala de clonagem reprodutiva humana. Mas estamos revendo esse filme, agora com o suposto risco de se criar “vida em laboratório”. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já determinou a instituição de comitês de ética para que sejam identificados os limites éticos e minimizados os possíveis riscos. Por outro lado, o pediatra Carlo Bellieni, no diário do vaticano L’ Osservatore Romano, diz que “a pesquisa é um trabalho de engenharia genética de alto nível, mais um passo na substituição de parte de DNA, mas na realidade não se criou vida”. Concordo com ele.

Quais são as implicações futuras? Quais serão as aplicações? É difícil prever. No caso da ovelha Dolly a grande revolução foi descobrir que uma célula adulta poderia ser reprogramada e voltar a ser totipotente, o que abriu caminho para as pesquisas com células-tronco. Já a estratégia para criar a bactéria de Craig Venter poderá permitir aprimorar as técnicas de engenharia genética, produzindo novos microrganismos úteis ao homem, como por exemplo bactérias mais eficientes em degradar a celulose ou o plástico, gerando novas formas de combustível biodegradável. Ou bactérias intestinais que nos permitissem digerir a celulose tão bem como os ruminantes. Além disso, ela poderia contribuir para melhorar as técnicas de terapia gênica, corrigindo genes defeituosos em pacientes com doenças genéticas. Um outro grande feito do qual se falou pouco foi a estratégia utilizada por Venter para que a bactéria receptora não destruísse o genoma da bactéria doadora e o adotasse como se fosse seu. Essa tecnologia poderia abrir novos caminhos para impedir a rejeição no caso de transplantes alogênicos ou talvez até xenotransplantes. O futuro dirá. Deu-se mais um salto qualitativo tecnológico que certamente merece ser aplaudido.

Mayana Zatz é professora titular do Instituto de Biociências da Universidade
de São Paulo e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP.

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A biologia sintética e a bioenergia

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Ciência Biologia

A biologia sintética e a bioenergia

Como a descoberta de que é possível transferir um genoma criado em laboratório pode afetar as tecnologias para biocombustíveis

Marcos BuckeridgeEdição Impressa 172 - Junho 2010
© Uc san diego

Algas: aposta da biologia sintética para produzir combustíveis
Já pensou se, a partir da sequência completa do seu genoma, o leitor conseguisse sintetizar o seu próprio DNA, introdu­zi-lo em uma célula humana e depois fazer com que o seu DNA assumisse o comando dessa célula, formando tecidos, órgãos e até uma cópia idêntica de si mesmo, para a qual você poderia transferir suas memórias? Como no romance de ficção científica de Phillip K. Dick, que originou o roteiro do filme Blade Runner, parece que pelo menos uma importante prova de conceito foi conseguida. O J. Craig Venter Institute (JCVI) publicou em 20 de maio no site da revista Science um artigo em que reporta a ativação de um genoma sintético de um microrganismo em outro, a bactéria Mycoplasma mycoides. A medida de sucesso, nesse caso, foi o fato de que o genoma sintético adquiriu o controle de uma outra célula e essa célula passou a se reproduzir em laboratório.

Leia também
Reportagem e artigos
■ Notícia: A síntese da criação
■ Mayana Zatz: O impacto da transformação de uma vida em outra
■ João Meidanis: Craig Venter, um bem necessário
Fundador do JCVI, o cientista Craig Venter, em várias entrevistas, diz que agora vai atrás do genoma de uma alga para produzir bioenergia. Eu o ouvi dizer algo similar em uma palestra no último Congresso Mundial de Biotecnologia em Barcelona em 2009. Um dos grandes desafios que temos atualmente é produzir bioenergia de forma barata e ambientalmente sustentável. A descoberta do JCVI abre caminho para que pesquisadores consigam microrganismos “engenheirados” que façam o trabalho de produção de etanol ou biodiesel com excelentes padrões.

Aqui no Brasil, no Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas, já estamos “engenheirando” bactérias e fungos com enzimas que atacam a parede celular vegetal e podem ajudar no desenvol­vimento da rota tecnológica da segunda gera­ção do etanol. Um dos laboratórios do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT do Bioetanol), comandado pelo pesquisador Richard Ward, reportou no último workshop do INCT, em abril, ensaios com uma enzima quimérica, ou seja, uma proteína montada artificialmente que tem a capacidade de atacar dois componentes da parede celular ao mesmo tempo, a lignina e a hemicelulose.

Assim, mesmo que não tenhamos feito (ainda) algo tão espetacular como Venter, a bioenergia brasileira já começa a mergulhar na era da biologia sintética. Há várias vias a escolher e problemas a resolver usando essa tecnologia. Uma delas é “engenheirar” o metabolismo da Saccharomices cerevisiae, a levedura que usamos para fazer álcool, de forma que ela seja capaz de usar os açúcares de cinco carbonos que vêm das hemiceluloses, algo que ela não faz muito bem.

Com microrganismos, as aplicações da biologia sintética serão bem mais rápidas e deverão produzir resultados impressionantes. Por outro lado, com organismos mais complexos, podem demorar bem mais. Mesmo assim, os biólogos já estão se movimentando nesse sentido e o estão fazendo através da compreensão dos organismos como sistemas complexos.

Um grande passo, mas ainda inicial

Colocar um genoma sintético numa célula é, sem dúvida, um passo im­­portante na área da biologia. Se considerarmos que um gene corresponde, em média, a 10 a 15 kbps (1 kbp equivale a mil bases do DNA), o que o grupo do JCVI fez foi construir um genoma com 600 a mil genes, transferi-lo para uma célula cujo DNA tinha sido retirado, e fazer com que essa célula bacteriana receptora do genoma sintético funcionasse.

É um avanço técnico sensacional e as implicações disso são enormes. Porém, a dificuldade de aplicar isso em organismos mais complexos é maior ainda. Isso porque no genoma de uma planta de milho estima-se que existam 32 mil genes, ou seja, é 32 vezes maior do que o do genoma sintético que o JCVI utilizou. É provável que na nossa cana-de-açúcar tenhamos aproximadamente o mesmo número de genes que no milho. No entanto, diferentemente da Mycoplama mycoides, na cana há oito cópias de cada gene. Isso quer dizer que há, nominalmente, cerca de 240 mil genes interagindo no genoma do organismo e fazendo com que ele funcione perfeitamente bem a ponto de produzirmos o etanol que usamos para encher os nossos tanques. Se o grau de dificuldade fosse linear em relação ao tamanho do genoma, fazer com a cana o que foi feito com a bactéria M. mycoides seria 400 vezes mais difícil. Porém há dificuldades adicionais que tornam a relação mais complexa e difícil ainda.

A bioenergia de que necessitamos, em parte por contingência da nossa tecnologia de motores, está armazenada em ligações entre átomos de carbono e a única forma de guardar a energia desse modo é através do processo de fotossíntese.Há bactérias capazes de realizar fotossíntese e elas são geralmente colocadas como um dos alvos da biologia sintética. As cianobactérias, por exemplo, são boas produtoras de lipídios que podem funcionar como biodiesel, o que indica que podemos pensar em montar sistemas industriais com elas para produção de bioenergia.

Mas há uma reflexão biológica importante a ser considerada. Se as cianobactérias são assim tão boas para produzir bioenergia, por que a civilização não é baseada nelas para obter comida e energia até hoje? Por que nossa comida é baseada principalmente em plantas terrestres? Uma das respostas é que o aumento de complexidade que houve, com a evolução da multicelularidade e o desenvolvimento de sistemas fotossintéticos cada vez mais eficientes, fez com que as plantas dominassem o planeta. Dentre elas, as gramíneas, como o milho e a cana-de-açúcar, produziram um dos sistemas fotossintéticos mais eficientes que existem. Elas têm um sistema de fotossíntese chamado C4, com o qual produzem maior quantidade de biomassa em menos tempo do que outras plantas. E é por isso que a civilização como a conhecemos é fortemente baseada nessas espécies.

A biologia sintética já vem sendo adotada para alterar a fotossíntese em plantas. A soja, por exemplo, não tem fotossíntese tão eficiente quanto as gramíneas. Mas um grupo internacional de pesquisadores já vem traçando estratégias de como fazer para “implantar”, utilizando biologia sintética, um sistema C4 nas folhas dessa leguminosa. Esse é um objetivo imensamente mais difícil do que o que o JCVI alcançou. Isso porque não estamos lidando com um genoma apenas, mas, no caso do sistema C4, com três genomas diferentes: um que fica no núcleo da célula e mais dois que ficam nos dois tipos de cloroplastos encontrados nas diferentes células das folhas das plantas C4.

Venter deu um grande passo, mas ainda falta muita investigação e criatividade para que possamos realmente quebrar o código da complexidade que a vida esconde. Há um grande número de pesquisadores, inclusive no Brasil, se movendo na direção do uso da biologia sintética como principal arma para desenvolver novas biotecnologias. O que vem por aí promete ser extremamente divertido e interessante.

Marcos Buckeridge é um dos coordenadores do programa Bioen-FAPESP e diretor científico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE). Assina também a coluna Neotrópicas no site de Pesquisa FAPESP.

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A síntese da criação

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Ciência Biologia
A síntese da criação
Primeiro organismo controlado por genoma artificial prova que o DNA é realmente a receita química da vida
Marcos PivettaEdição Impressa 172 - Junho 2010
© jcvi

Linhagem sintética da bactéria Mycoplasma mycoides: vida artificial

Quando anunciou no dia 20 do mês passado a criação da primeira linhagem de células viáveis de um ser vivo controlada por um genoma totalmente sintetizado em laboratório, o cientista norte-americano Craig Venter não economizou palavras para descrever o feito. Lembrou a todos que, nunca antes na história deste mundo, a humanidade tinha sido apresentada a uma criatura desprovida de ancestrais. Sem pais. A mensagem era clara: a Mycoplasma mycoides JCVI-syn1.0 – nome dado à variedade dessa bactéria cujo DNA fora produzido por químicos de uma empresa de biotecnologia, a Blue Heron – era filha de uma nova era. Da biologia sintética. “É a primeira espécie do planeta que se autorreplica cujo pai é um computador”, afirmou o ousado pesquisador-empresário, que, anos atrás, já havia se tornado famoso ao liderar um projeto privado de sequenciamento do genoma humano capaz de rivalizar (e acelerar) o trabalho feito pelo consórcio público.

A alusão à máquina como o pai da bactéria não é gratuita. Afinal, as informações necessárias para fabricar um genoma, na forma de uma enorme sequência de bases químicas (A, C, T e G), ficam guardadas em computadores. No caso da variedade natural da bactéria M. mycoides, trata-se da se­quência composta de 1,08 milhão de pares de bases (com cerca de mil genes) presentes em seu único cromossomo. Foi com essa receita química que se fez, em laboratório, uma cópia sintética do DNA natural da bactéria, seguindo uma série de especificações da equipe do J. Craig Venter Institute (JCVI), instituto fundado por Venter. O genoma não foi sintetizado como uma única grande sequência de DNA, mas em mais de mil pequenos pedaços. O conjunto de fragmentos foi inserido numa levedura, onde foram reunidos e retomaram a forma do cromossomo. Por fim, os cientistas retiraram o genoma sintético da levedura e o transplantaram para as células de uma outra bactéria, a Mycoplasma capricolum. O cromossomo artificial conseguiu tomar o controle das células receptoras, que passaram a produzir todas as proteínas típicas da M. mycoides. Dois dias após o transplante, as células deixaram de conter o DNA original da M. capricolum (seja porque ele foi destruído ou diluído no processo de replicação) e apresentavam um único tipo de material genético, o cromossomo sintético da M. mycoides. Em toda essa operação (ver infográfico na página 46), apenas 14 genes sem muita importância da M. mycoides se perderam ou foram anulados. “Trata-se de um avanço tanto filosófico como técnico”, disse Venter, resumindo, a seu ver, as implicações da empreitada.

Ápice de um esforço que consumiu US$ 40 milhões e quase 15 anos de pesquisa de um time de 24 pesquisadores do JCVI, entre os quais Ham Smith, Prêmio Nobel de Medicina em 1978, o surgimento da linhagem de bactéria com genoma sintético foi elogiado por cientistas de todo o mundo. Alguns preferiram situar o trabalho, que foi publicado eletronicamente na revista científica Science, como um grande feito tecnológico, uma mudança de escala na capacidade de o homem modificar o DNA de organismos, mas não como uma revolução científica. Outros pesquisadores, embora reconheçam o caráter técnico da empreitada, salientam que o trabalho tem, sim, relevância para a ciência. A visão de três desses cientistas está publicada em artigos especialmente escritos para esta edição de Pesquisa FAPESP, entre as páginas 47 e 51.

O biólogo Fernando Reinach não tira os méritos científicos do experimento de Venter. Segundo ele, o trabalho é a prova cabal de um conceito, o de que a matéria viva não tem nada de especial e também está submetida às leis da química e da física. Apenas com a informação do DNA é possível recriar um genoma e, por tabela, uma forma de vida. “Isso todo mundo já sabia em tese, mas faltava alguém demonstrar na prática essa teoria amplamente aceita”, afirma Reinach. “Depois da publicação do genoma humano, o trabalho de Venter é o de maior relevância que saiu. Não há por que tentar relativizar sua importância”, diz José Fernando Perez, presidente da Recepta Biopharma e diretor científico da FAPESP entre 1993 e 2005. “Ele coroa todo um esforço de entendimento científico do DNA. Os grandes avanços científicos não vêm de grandes ideias, mas de feitos tecnológicos.” Reinach também salienta um segundo ponto importante, igualmente de ordem científica, que emerge da análise do artigo na Science. Até agora, a vida sempre foi vista como algo contínuo. Todo ser descende de outros organismos semelhantes que viveram no passado. “O trabalho de Venter demonstra que a vida pode ser interrompida e reiniciada”, afirma Reinach, fazendo alusão ao fato de que a bactéria não tem ancestrais biológicos, é fruto da sequência de letras químicas armazenadas num computador.

A geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), comparou a repercussão causada pelo trabalho de Venter a um episódio semelhante ocorrido há 14 anos. “Esse feito me lembrou da clonagem da ovelha Dolly, por Ian Wilmut, em 1996. Os dois causaram uma revolução midiática”, escreve Mayana num artigo publicado na página 47.

Grande parte do financiamento das pesquisas do JCVI vem da Synthetic Genomics Inc (SGI), empresa fundada por Venter que fez 13 pedidos de patente sobre métodos usados nos trabalhos com biologia sintética. Venter diz que o experimento com a M. mycoides vai permitir desenhar microrganismos úteis ao homem, capazes de, por exemplo, produzir vacinas e biocombustíveis. A empresa petrolífera Exxon já se comprometeu a investir US$ 600 milhões na SGI para o desenvolvimento de algas que consigam produzir etanol.

Segundo a geneticista Lygia da Veiga Pereira, da USP, Venter terá muito trabalho pela frente para exercer a biologia sintética em sua plenitude. “O maior desafio será desenhar um genoma totalmente novo e escolher que genes serão colocados para que um organismo desempenhe uma determinada tarefa”, diz Lygia. Ainda que os esforços do cientista americano demorem para gerar frutos palpáveis, a simples presença no ambiente de pesquisa de um sujeito como Venter, polêmico e provocativo, sem dúvida, é vista como salutar por alguns de seus pares. “Para entender Venter, eu costumo pensar no ser humano como uma criança, uma criança largada numa sala bem grande chamada mundo. Ela fica mexendo em tudo, às vezes se queima ao colocar o dedo numa tomada, mas outras vezes acaba descobrindo como subir numa cadeira para alcançar as guloseimas lá em cima”, escreve João Meidanis, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em artigo na página 48.

> Artigo científico

GIBSON, D.G. et al. Creation of a bacterial cell controlled by a chemically synthesized genome. Science. publicado on-line em 20 mai. 2010.

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Crescimento e gases estufa

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http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/2010/04/13/crescimento-e-gases-estufa/


Crescimento e gases estufa

13 de abril de 2010 19h15 Paul Krugman

Recebi algumas críticas de ambientalistas com relação ao artigo que publiquei na revista do NYT, no qual proponho que podemos arcar com o custo de limitar a emissão dos gases estufa a preços reais, porém modestos. Curiosamente, os comentários vêm de duas direções.
De um lado, há aqueles que insistem que a transformação da economia num sistema mais sustentável é uma situação em que ninguém perde: mais empregos, mais crescimento e também menos carbono.
Do outro lado, há aqueles que insistem na impossibilidade de proteger o planeta a não ser que admitamos a necessidade de abrir mão do crescimento econômico.
Em relação ao primeiro grupo: há um bom número de evidências provando que muitas das medidas para aumentar a eficiência energética proporcionariam também uma redução de custos, mesmo nos preços atuais. Como a maioria dos economistas, encaro essas estimativas com algum ceticismo: se tais medidas realmente proporcionariam uma redução de custos, por que ainda não foram implementadas? Isso não seria um indício de que há custos ocultos?
Dito isso, no mundo real as pessoas não são perfeitamente racionais, e assim pode muito bem haver medidas capazes de poupar energia que não estão sendo adotadas. Entretanto, eu diria ainda que, levando-se em consideração as proporções do ajuste que precisamos fazer, essas reduções gratuitas não serão capazes de proporcionar uma parte realmente significativa da contenção das emissões de carbono que necessitamos promover.

Quanto aos pessimistas: há entre alguns ambientalistas a tendência de adotar uma espécie de visão mecânica a respeito da economia, na qual parece haver uma correspondência direta entre o PIB real e as emissões de carbono (curiosamente, a direita costuma afirmar a existência dessa mesma equivalência, usando-a como pretexto para dizer que não podemos arcar com o custo de lutar contra a mudança climática).

Na verdade, a questão envolve um grau muito maior de escolha e flexibilidade.
Uma das maneiras de encarar o problema é pensar na fonte das emissões de gases estufa, como no gráfico acima. Ao observá-lo, acho que podemos ter uma dimensão da natureza do ajuste necessário.
Em primeiro lugar, a geração de eletricidade precisa ser “descarbonizada”: energia solar, nuclear, eólica, geotérmica e quem sabe alguns sistemas a base de combustíveis fósseis com captura de carbono são alternativas para substituir as usinas abastecidas com carvão. Isso está ao alcance das tecnologias atuais.
Em segundo lugar, o consumo energético residencial e comercial – principalmente nos sistemas de aquecimento – tem de passar por uma ampla descarbonização; se a geração de eletricidade for descarbonizada, boa parte dessa etapa pode ser cumprida por meio da adoção de sistemas elétricos.
A mudança mais difícil está nos transportes. Neste setor, o que deve haver é uma combinação de abordagens: maior eficiência; eletrificação (incluindo os modelos híbridos); combustíveis de baixa emissão (certamente o gás natural; hidrogênio?); e outras alternativas nas quais ainda não pensamos.
Tudo isso é condizente com uma economia em crescimento. Não estou dizendo que a tarefa é fácil; mas, com os incentivos certos, seremos capazes de superar esse desafio.

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sábado, 17 de abril de 2010

Permacultura

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Você sabe o que é Permacultura?

http://revistaecoturismo.com.br/turismo-sustentabilidade/voce-sabe-o-que-e-permacultura/

Em poucas palavras, Permacultura é uma síntese das práticas agrícolas tradicionais com idéias inovadoras. Unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna, proporciona o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar.

0 projeto permacultural envolve o planejamento, a implantação e a manutenção conscientes de ecossistemas produtivos que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. Ele resulta na integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimentação, energia e habitação, entre outras necessidades materiais e não ­materiais, de forma sustentável.

A palavra PERMACULTURA ainda não existe nos dicionários brasileiros. Ela foi inventada por Bill Mollison para descrever essa transformação, da agricultura convencional em uma Permanente agricultura.

Como campo de trabalho, a Permacultura é uma carreira reconhecida internacionalmente, em várias instituições de ensino superior. Apesar disso, não é um campo de “especialização” e, sim, de “generalização”. 0 permacultor utiliza conhecimentos de muitas áreas para fazer sua análise e tomar suas decisões.

QUANDO SURGIU?

A Permacultura foi desenvolvida no começo dos anos 70 pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren, como uma síntese das culturas ancestrais sobreviventes com os conhecimentos da ciência moderna. A partir de então, passou a ser difundida na Austrália, considerando que, naquele país, a agricultura convencional já estava em decadência adiantada, mostrando sinais de degradação ambiental e perda de recursos naturais irrecuperáveis. Na verdade, em situação muito similar à do Brasil de hoje.

Desde então, os inúmeros casos de sucesso na aplicação da Permacultura têm provado ser, ela, uma solução viável não somente para a Austrália, como para todo o Planeta. Os conceitos de agricultura permanente começaram a ser expandidos como uma cultura permanente, envolvendo fatores sociais, econômicos e sanitários para desenvolver uma verdadeira disciplina holística de organização de sistemas.

Hoje, existem institutos de Permacultura em todos os continentes, em mais de cem nações. Diversos países, como o Brasil, vêm adotando a Permacultura como metodologia agrícola e, até mesmo, escolas de todos os níveis estão incluindo a Permacultura no seu currículo básico.
POR QUÊ PERMACULTURA?0 Planeta Terra encontra?se em um momento crítico. Apesar da evolução rápida das tecnologias existentes, os nossos sistemas naturais estão em crise. Por toda a parte, constata?se a degradação ambiental em diversas formas. 0 mundo perde bilhões de toneladas de solos férteis, anualmente. Os desertos continuam crescendo a uma velocidade ameaçadora. 0 abastecimento de energia e água potável para o futuro próximo está ameaçado, além de outros problemas generalizados que continuam se agravando, como as mudanças climáticas recentes ocasionadas pelo impacto do nosso consumo excessivo de combustíveis fósseis.

No Brasil, a família rural é carente de informações e de recursos para sobreviver sustentavelmente, com o conseqüente êxodo rural que, por sua vez, tem repercussão na qualidade de vida nas zonas urbanas.

Precisamos trazer soluções práticas para a pessoa do campo. Soluções que venham de encontro às realidades culturais, sociais e ambientais de cada região. Soluções sistêmicas, acessíveis e simples, que tragam segurança à família e um potencial de desenvolvimento humano sustentável.

A Permacultura se adapta a transições lentas ou rápidas. Você pode começar lentamente, utilizando uma pequena parcela de terra, e os recursos disponíveis localmente, ou transformar toda a propriedade, de uma só vez, de acordo com suas condições financeiras e a quantidade de ajuda com que você pode contar. Não esquecendo o auxílio que a natureza oferece, quando começamos a colaborar com ela.

Integrando todos os aspectos da sobrevivência e da existência de comunidades humanas, a Permacultura é muito mais do que agricultura ecológica ou orgânica, englobando Economia, Ética, sistemas de captação e tratamento de água, tecnologia solar e bioarquitetura. Ela é uma sistema holístico de planejamento da nossa permanência no Planeta Terra.

A ÉTICA DA PERMACULTURA“Os sistemas básicos de sustentação da vida no Planeta estão em crise. A continuar assim, o Homo sapiens poderá entrar para a lista das espécies em perigo de extinção.”

Jornal The Examiner - Londres 1992Para realizar a Permacultura, é necessário adotar uma ética específica de sustentabilidade que exija um repensar dos nossos hábitos de consumo e dos nossos valores, em geral. Os pontos fundamentais são definidos assim:

• O cuidado com o planeta Terra - Esta é uma afirmação simples e profunda, com o intuito de guiar nossas ações para a preservação de todos os sistemas vivos, de forma a continuarem indefinidamente no futuro. Isso pressupõe uma valorização de tudo o que é vivo e de todos os processos naturais. A árvore tem valor intrínseco, é valiosa para nós, não somente pela madeira ou pelos frutos. porque é viva e realiza um trabalho que proporciona a continuidade da vida no Planeta. Assim, também têm valor a água, os animais, o solo e toda a complexidade de relações entre organismos vivos e minerais existentes na Terra.

• O cuidado com as pessoas - 0 impacto do ser humano no Planeta Terra é, sem dúvida, o mais marcante. Portanto, a qualidade da vida humana é um fator essencial no desenvolvimento de estratégias de sobrevivência. Somos mais de cinco bilhões habitando % da superfície terrestre. Assim, se pudermos garantir o acesso aos recursos básicos necessários à existência, reduziremos a necessidade de consumir recursos não renováveis.

Portanto, os sistemas que planejarmos devem, prover suas necessidades de materiais e energia, como, também, as necessidades daquelas pessoas que neles habitam.

· Distribuição dos excedentes - Sabemos que um sistema bem planejado tem condições de alcançar uma produtividade altíssima, produzindo assim um excesso de recursos. Portanto, devemos criar métodos de distribuição eqüitativos, garantindo o acesso aos recursos a todos que deles necessitam, sem a intervenção de sistemas desiguais de comércio ou acumulação de riqueza de forma imoral. Qualquer pessoa, instituição ou nação que acumule riqueza ao custo do empobrecimento de outras está diminuindo a expectativa de sustentabilidade da sociedade humana.

· Limites ao consumo - Isso requer um repensar de valores, um replanejamento dos nossos hábitos e uma redefinição dos conceitos de qualidade de vida. Alimento saudável, água limpa e abrigo existem em abundância na natureza; basta que com ela cooperemos.
DESIGN OU DESENHO?Nesse contexto, a tradução da palavra “design” é mais do que desenho. Design é planejamento consciente, considerando todas as influências e os interrelacionamentos que ocorrem entre os elementos de um sistema vivo.

Os resultados de um bom design permacultural deverão incluir:
· estratégias para a utilização da terra sem desperdício ou poluição;
· sistemas estabelecidos para a produção de alimento saudável, possivelmente com excesso,
· restauração de paisagens degradadas, resultando na preservação de espécies e habitats, principalmente espécies em perigo de extinção,
· integração, na propriedade, de todos os organismos vivos em um ambiente de interação e cooperação em cicios naturais;
· mínimo consumo de energia;
· captação e armazenamento de água e nutrientes, a partir do ponto mais alto da propriedade.

PLANEJAMENTO POR SETORESÉ
importante que tenhamos compreendido todas as energias externas que tenham influência dentro do nosso sítio, luz solar, ventos, chuvas, incêndios, poluição sonora, atmosférica, visual etc.
Após a observação cuidadosa desses efeitos, realizamos um planejamento para direcionar ou bloquear essas energias, de acordo com as nossas necessidades. Esse planejamento é feito por setores, onde o sítio é o centro do sistema e um círculo representa os 360 graus de possível influência externa. Assim, marcamos os setores de acordo com as informações que coletamos: setor de luz solar no inverno e no verão, setor dos ventos, setor de perigo de incêndio, e assim por diante.
Esses setores servirão, mais tarde, para definir o posicionamento de quebra?ventos, a posição da casa e dos abrigos dos animais, entre muitos outros elementos.
O planejamento por setores é complementado com o planejamento por Zonas.
PLANEJAMENTO POR ZONASAo contrário dos setores, as zonas dizem respeito às energias internas do sistema. Principalmente, em relação ao trabalho humano e à movimentação de água e nutrientes.
Planejamos todo o projeto de forma a realizar uma economia máxima de trabalho e recursos, criando pontos de utilização que estejam ligados aos pontos onde esses recursos estão sendo produzidos.
Assim, podemos alcançar a maior eficiência energética possível, colocando aqueles elementos que necessitam de maior atenção humana mais próximos à casa. Aqueles que podem ser mantidos com pouco ou nenhum manejo, ficarão mais longe.
Também pensamos na conexão entre todos os elementos, de forma a que os produtos (ou recursos) de um elemento sejam utilizados como insumos por outros. É a vertícalízação do sistema-lixo é o recurso ainda não aproveitado.
Dessa forma, reduzimos ao máximo a necessidade de trabalho e, ao mesmo tempo, evitamos a poluição ou a contaminação.
Podemos definir, então, as seis zonas básicas de um sistema permacultural:Zona 0 - é a casa, o centro do sistema, a partir do qual iniciamos o nosso trabalho, pondo a casa em ordem. Na própria casa, e à sua volta, existem muitos espaços que podem se tornar produtivos. Peitorais de janelas, laterais de parede… enfim, toda a habitação pode ser planejada ou modificada para que seja mais eficiente na utilização de recursos e na produção de alimento. Esse trabalho contribui para o controle da temperatura no interior da habitação, além de utilizar os microclimas criados pela existência da própria estrutura.
Zona 1 - compreende a área mais próxima da casa, que visitaremos diariamente e onde colocamos os elementos que necessitam cuidado diário: a horta, as ervas culinárias, alguns animais de pequeno porte e árvores frutíferas de uso freqüente (ex. limão). Também é onde concentraremos a armazenagem de ferramentas e de alimentos, para utilização a longo prazo.
A horta é um elemento essencial da Zona 1, pois funciona como base de sustentação da alimentação da família. Ela poderá ser manejada com o auxílio de animais que façam o trabalho de fertilização e controle. É na Zona 1 que incluímos os elementos necessários à nossa sobrevivência elementar: água potável, espaço para a produção de composto e uma área onde lavar os produtos da horta e as ferramentas. Um viveiro de mudas também deve ser incluído, como base para a diversificação da produção.
Zona 2 - um pouco mais distante da casa, a Zona 2 envolve aqueles elementos que necessitam de manejo freqüente sem a intensidade da Zona 1. Algumas frutíferas de médio porte, galinhas e tanques pequenos de aqüicultura poderão fazer parte dessa Zona, bem como outros animais menores (patos, gansos, pombos, coelhos, codornas etc.) Essa área oferece proteção à Zona 1.
Zona 3 - já mais distante da casa, poderemos nela incluir as culturas com fins comercias, que ocupam mais espaço e não necessitam de manejo diário. Também poderemos incluir a criação de florestas de alimentos, animais de médio e grande portes com rodízio de pastagens; produção comercial de frutos e castanhas, entre outros elementos essenciais à diversidade da produção.
Zona 4 - visitada raramente, nela poderemos incluir a produção de madeiras valiosas, açudes maiores e a produção de espécies silvestres comerciais. Em regiões de floresta, o extrativismo sustentável e o manejo florestal também poderão fazer parte desta Zona, bem como a recriação de florestas de alimentos em regiões que foram desmatadas.
Zona 5 - Aqui, só entraremos para aprender ou para uma coleta ocasional de sementes. É onde não interferimos, permitindo, assim, que exista o desenvolvimento natural da floresta. Sem esta Zona ficamos sem referência para a compreensão dos processos que tentamos incluir nas outras zonas.
É importante incluir elementos de armazenamento e captação de água e nutrientes em todas as zonas, a partir do ponto mais elevado da propriedade.

A ECOLOGIA DA PERMACULTURAA Ecologia é o estudo dos sistemas naturais. Um ecossistema consiste em grupos de organismos que interagem uns com os outros dentro de seu ambiente natural, coexistindo para formar um sistema complexo de relações, de forma a perpetuar a evolução das espécies e manter os mecanismos de transformação de energia de forma sustentável.
Seres humanos são parte integrante dos ecossistemas onde vivem. Portanto, se desejam sobreviver, devem aceitar o imperativo de viver de forma integrada ao meio ambiente, repondo os recursos que retiram e alimentando os cicios vitais de regeneração.
Observe a floresta natural. Veja como, nela, todos os organismos interagem harmoniosamente, visando uma produtividade imensurável. Agora, imagine como seria se pudéssemos recriar essa harmonia com a mesma produtividade, introduzindo espécies de plantas e animais que fossem úteis às necessidades humanas. Na verdade, esse trabalho é possível e necessário. Ecossistemas cultivados podem, até, superar os ecossistemas naturais quanto à produtividade para os seres humanos.
Ecologia cultivada é um termo muito comum, entre os permacultores. Para que possamos cultivar um ecossistema, é necessário compreender o funcionamento de sistemas naturais, de tal forma que nossas intervenções obedeçam um critério de sustentabilidade, tanto com o ambiente natural de hoje como para as futuras gerações, que dele dependerão.
A grande diferença entre um ecossistema natural e um cultivado é que, no cultivado, existe a presença de um grande número de espécies (e da biomassa) introduzidas para a utilização de humanos e de seus animais. A diversidade e a estabilidade permanecem altas, garantindo, assim, a sobrevivência a longo prazo.
É necessário, no entanto, que tenhamos uma visão sistêmica da nossa presença no mundo, e que reconsideremos nossos conceitos antiquados de produção, lucro, fertilidade, ciclos e recursos, que são relativos às nossas experiências individuais, as quais, por sua vez, são regidas pela ética que escolhermos.
Alguns dos princípios básicos que regem a existência de ecossistemas são...1. Fluxo de energia - Todas as formas de vida requerem energia para sobreviver. No Planeta Terra, a fonte primordial de energia é o sol. A partir dele, todos os organismos vivos retiram, direta (como as plantas) ou indiretamente (como os animais), sua alimentação.
2. Cicios de aproveitamento - Em sistemas naturais, a matéria é constantemente reaproveitada. A quantidade de matéria total no Planeta é constante, por isso os organismos vivos dependem da utilização e da reciclagem dos materiais. Assim, quando recolhemos as folhas caídas no chão e colocamos no lixo, estamos interferindo negativamente, privando o solo da matéria orgânica necessária à geração de alimento para as plantas, que, por sua vez, iriam nos alimentar.
3. Cadeias alimentares - Cada organismo vivo está ligado a outros. As cadeias alimentares representam as relações de alimentação entre os seres vivos, em um determinado habitat. Uma cadeia frágil (ex.?. uma lavoura de trigo) inclui poucas espécies e, assim, poucas oportunidades de sobrevivência. Uma cadeia forte( ex.: floresta), ao contrário, tem multas espécies que se alimentam umas das outras, perpetuando sua existência mesmo com a ocorrência de eventos inesperados.
4. Sucessão e dimensões - Imagine a floresta após uma queimada. Mesmo que o solo tenha sido desnudado de sua cobertura natural, a natureza trabalha permanentemente para recuperar sua diversidade no local. Novas espécies aparecem, colonizando o local em etapas sucessivas, com grupos de plantas diferentes, até que, com o tempo, a floresta amadureça novamente. Essas plantas são conhecidas, para fins de estudo, como espécies pioneiras (no primeiro estágio), intermediárias e de clímax.
Essa colonização sucessiva, no tempo e no espaço, é conhecida como sucessão; a utilização de vários “andares” é um exemplo da eficiência dos processos naturais, na utilização do espaço. Na realidade, elas ocorrem constantemente, na medida em que grandes árvores vão morrendo e abrindo espaço para o reinicio do processo. Na Permacultura, precisamos observar os processos de sucessão natural do local para recriarmos e acelerarmos esse processo com as espécies que nos são úteis, sem negligenciar as necessidades básicas do sistema.
5. Fatores limitantes - Muitos fenômenos influenciam no desenvolvimento de ecossistemas. Clima, temperatura, regime de chuvas, quantidade de luz solar diária e qualidade do solo são apenas alguns dos fatores que podem limitar a diversidade e a produtividade de um sistema vivo. Dentro da Permacultura, trabalhamos para amenizar esses fatores, de forma a criar uma variedade de microclimas que permitam o cultivo de muitas espécies, mesmo que as características gerais do local sejam limitadas.
LENDO A TERRA (exercício prático)0 primeiro passo para executar um planejamento adequado da utilização de algum espaço de terra, seja este um lote na zona urbana ou algumas centenas de alqueires, é uma compreensão profunda dos processos naturais existentes nesse espaço. Anotar as espécies que nele vivem, as variações topográficas e seus impactos no microclima, bem como os processos que estejam faltando para um equilíbrio.
1. Colete o maior número de informações possível, a respeito da área de terra que você vai trabalhar. Procure mapas, índices de pluviosidade (chuva), fotografias antigas e modernas, o máximo de dados que puder descobrir. Ainda que grande fonte de informações sejam os vizinhos mais antigos, não aceite tudo como verdade absoluta, pois sua observação é que vai determinar a conclusão. Pergunte de onde vem o vento no verão e no inverno, qual a época das maiores chuvas etc. Anote tudo em um caderno. Procure, também, os órgãos públicos na região (EMBRAPA, 113GE, Prefeitura etc.), que poderão, também, fornecer informações valiosas.
2. Agora, faça um reconhecimento da terra. Ande por todos os lados, observe as diferenças entre os vários terrenos. Descubra a inclinação específica de cada área.
3. Pegue uma fita métrica ou utilize o tamanho do seu passo para descobrir as distâncias entre os elementos importantes existentes na terra, casas, galpões, plantios, hortas, açudes etc.
4. Marque com precisão os locais onde exista água (nascentes, córregos, poços etc.)
5. Agora, faça um mapa da terra, não esquecendo de incluir a orientação com relação ao Norte. Junto a esse mapa, coloque todas as anotações referentes ao sítio. Anote todas as espécies de plantas e animais (domésticos e silvestres), colete amostras das espécies que você não conhece, para uma futura identificação. Essas espécies irão informar muito sobre o estado em que essa terra se encontra.
6. Faça um perfil da inclinação do terreno com os diversos elementos existentes bem como as alturas respectivas.

CLIMAS E MICROCLIMASA superfície da Terra absorve calor e, assim, aquece de baixo para cima a atmosfera que nos cerca. Esse ar quente sobe e, nas camadas mais altas da atmosfera, perde calor novamente, fazendo o ar frio descer. Esse padrão geral é o responsável pelas variações climáticas predominantes no Planeta.
Os fatores climáticos influenciam, profundamente, a seleção das espécies e a escolha da tecnologia apropriada para cada situação. Além das mudanças climáticas amplas, da localização da terra em relação ao mar, da altitude e da latitude, outros fatores mais localizados também se relacionam uns com os outros para criarem microclimas específicos. Assim, mesmo que um sítio esteja em uma localidade de clima subtropical, por exemplo, podem haver locais específicos, dentro do sítio, que apresentem características de clima temperado, clima tropical seco ou úmido. A identificação desses “microsítios” pode significar a diferença entre uma produção sustentável e uma agricultura medíocre, dependendo da diversidade das espécies e do oportunismo do projetista em aproveitar-se dessas situações.

LATITUDE E ALTITUDEA linha do equador representa o centro de uma faixa à volta do Planeta que recebe a maior quantidade de irradiação solar, durante o ano. Isso é devido à posição do Planeta, no percurso que faz à volta do sol.
À medida em que nos afastamos do equador (latitude 0), a quantidade de irradiação solar diminui com o ângulo do sol em relação ao horizonte. Assim, quanto maior for a latitude, menores serão as temperaturas médias anuais.
Para efeitos de projeto, cada 100 metros de altitude acima do nível do mar eqüivalem a 1 grau a mais, de latitude.
Concluindo ? um sítio que esteja a 15 graus de latitude e a 500 metros acima do nível do mar, será considerado como estando a 20 graus de latitude, no cálculo das temperaturas médias.

INCLINAÇÃOEste fator é relativo ao grau de elevação no terreno, em relação a uma linha horizontal. Terrenos com inclinação demasiada (maior do que 20 graus) são considerados, em geral, impróprios para o cultivo. Devem ser revegetados com espécies de floresta, para evitar erosão, ou cuidadosamente cultivados com terraços. Terrenos muito planos causam dificuldades na drenagem e, geralmente, são pobres em diversidade de microclimas possíveis.

ASPECTOA direção, para a qual a inclinação do terreno estiver voltada, é definida como o aspecto do terreno: Norte, Sul, Leste ou Oeste. Esse fator, conjuntamente com a inclinação e a latitude do local, determina a quantidade de irradiação solar direta que o terreno recebe. Esse fator também sofre a influência de corpos que reflitam ou absorvam a luz (lagos, edificações etc.). Quanto mais irradiação solar, mais quente. 0 local ideal, então, incluiria uma variedade de aspectos e inclinações, oportunizando uma maior diversidade de espécies e uma variedade de técnicas.
Assim, dentro da análise de situação que o projetista executa antes de realizar um projeto, ele incluirá um estudo dos microclimas, como apontado no mapa.
Mesmo uma rocha, um muro, uma casa ou a própria vegetação, modificam os microclimas à sua volta. Com essa análise, poderemos escolher os locais para a casa e para os animais, assim como a variedade das espécies vegetais que desejamos introduzir. É devido à existência de microclimas favoráveis que, em certas ocasiões, descobrimos plantas tropicais produzindo em latitudes onde a geada ocorre todos os anos.

QUEBRA - VENTOSUm local aberto, exposto aos ventos, pode diminuir muito a produtividade de um sítio. Portanto, devemos projetar quebra-ventos , de forma a permitirem o desenvolvimento saudável das plantas.
Quebra-ventos deverão também, cumprir várias outras funções, como a de atrair pássaros silvestres, produzir forragem animal, proteger do fogo e evitar a erosão.
0 quebra-vento ideal é composto por várias camadas de plantio, de forma a que o vento não seja totalmente interrompido no seu percurso (isso causa turbulência e pode destruir o plantio), diminuindo em torno de 80% de sua intensidade.
Com um planejamento adequado, poderemos posicionar os quebra-ventos de forma a melhorarem a polinização das espécies produtivas que estivermos cultivando.

SOLOSA grande maioria dos solos cultivados, no mundo de hoje, estão doentes, empobrecidos pelo manuseio incorreto, contaminados pelo uso excessivo de biocidas e improdutivos pela falta de manejo generalizada. 0 uso excessivo de fertilizantes sintéticos também causa problemas gerais à fertilidade do solo.
Hoje, sabemos que todos os desertos do Planeta estão aumentando, ao invadirem áreas antes produtivas. Problemas de salinidade estão impedindo o cultivo no que, antes, era terra fértil.
Os desertos e as planícies salinas são exemplo vivo da nossa irresponsabilidade no manejo do solo.
Solos saudáveis são como um organismo vivo. Necessitam do nível certo de umidade e de ar para que a variedade imensa de organismos microscópicos e animais existentes possam realizar o seu trabalho de converter matéria orgânica em húmus, a base da vida terrestre no Planeta.
Para que o solo mantenha?se fértil e saudável, é necessário que o manejemos de forma adequada, evitando que fique desprotegido ou que seja trabalhado em excesso. Como modelo para esse manejo, observamos, novamente, os ecossistemas naturais estáveis e seus processos de reciclagem de nutrientes.
Estas, são algumas das técnicas que utilizamos, dentro da permacultura, para manter o solo saudável
Adubação verde - utilizando as plantas que chamamos de “acumuladores dinâmicos”, poderemos devolver, ao solo, os nutrientes que já não estão mais disponíveis para as raízes superficiais. Os acumuladores dinâmicos resgatam esses nutrientes com suas raízes profundas, trazendo?os até as folhas, que os devolvem ao solo para se decomporem. Um dos acumuladores dinâmicos mais eficientes é o Confrei.
Mulch - solo descoberto é solo pobre; a cobertura do solo, conhecida como mulch, pode ser de matéria orgânica morta (folhas, galhos, jornais etc.), como na floresta, ou pode ser viva, com o plantio de espécies benéficas rasteiras (batata doce, labe?labe). Essa cobertura serve para evitar a evaporação rápida da umidade do solo e protege?lo contra a erosão, além de evitar o ataque de pragas.
Leguminosas - muitas espécies da família das leguminosas, e algumas de outras famílias, trabalham em associação com microorganismos, de forma a retirar o Nitrogênio existente na atmosfera, fixando?o no solo em forma de nódulos. 0 manejo dessas plantas poderá adiantar em muito, o processo de recuperação de solos empobrecidos. Da mesma forma, pesquisas recentes demonstram uma associação similar entre palmeiras e fungos, facilitando a absorção de fósforo. A complexidade de associações entre plantas e organismos microscópicos, no solo, ainda é um campo rico e relativamente inexplorado.
Plantios de cobertura - da mesma forma que a adubação verde, os plantios de cobertura também melhoram a estrutura geral dos solos. Além de executarem esse trabalho, os plantios poderão, também, ter outras funções, como forragem animal, alimentação humana ou mulch.
Esterco animal - o valor do esterco animal como adubo já é amplamente conhecido no Brasil. No entanto, a novidade é que poderemos executar essa adubação diretamente, sem a intervenção humana no transporte ou no trato, utilizando as técnicas de tratores vivos e evitando o uso excessivo de energia.

ÁGUA
Apesar de o Brasil estar em posição privilegiada em relação à quantidade das chuvas totais no Planeta, a quantidade de água potável disponível para a utilização direta das pessoas está diminuindo. Imagine que se toda a água existente no Planeta coubesse em uma garrafa, a quantidade de água potável ao nosso alcance não chegaria a uma gota.
É necessário planejar adequadamente o uso da água, em qualquer propriedade. Dentro do princípio básico da criação dos pontos de utilização das energias que entram em um sistema, poderemos nos valer do método “Yeomans” de modificação do terreno para aumentar a eficiência das águas que passam pelo sítio, melhorando, assim, a qualidade do solo e a fertilidade total do sistema.
O método Yeomans pode ser resumido em:construção de canais de infiltração, escavações em nível que permitem interromper o escorrimento superficial da água e fazê-la penetrar no solo. Com o tempo, essas faixas de terreno se tornam extremamente férteis, além de evitar a erosão superficial;
cultivo por linha chave, uma forma de cultivo do solo que aumenta a fertilidade e a capacidade de retenção de água;
construção de açudes interligados, outra forma muito econômica de armazenar água para a utilização em períodos de seca e para a criação de sistemas de aquicultura altamente produtivos. Além de cumprir a função de armazenamento, aumenta muito a capacidade de produção do local, melhorando o microclima. Açudes são elementos fundamentais de qualquer projeto de sustentabilidade. Para efeito de projeto, qualquer área de terra deverá ser planejada para incluir, aproximadamente, 12% a 20% de submersão em reservatórios de água.
Além de melhorar a eficiência na utilização da água, deveremos, também, considerar as condições de saneamento e a possível reutilização dos efluentes produzidos na casa.
A “água cinza” é aquela que já foi utilizada para a lavagem de roupas ou para os banhos. Essa água poderá ser direcionada à produção vegetal, evitando a proliferação de mosquitos e outros organismos que se reproduzem em poças e que ameaçam a saúde humana.
A captação da água da chuva é uma alternativa muito viável para o suprimento de água potável. Na verdade, basta calcular a quantidade de água que o telhado da casa capta por ano, e construir um sistema de calhas e tanque que armazene parte dessa água longe da luz solar e do acesso de insetos.

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE CAPTAÇÃO DE UM TELHADO
Área do telhado (em M) X Quantidade anual de chuva (em m) = m³
ÁRVORES: OS AGENTES DA MUDANÇAUm fato normalmente esquecido no planejamento dos usos da propriedade rural diz respeito a implantação das árvores na modificação dos microclimas locais, inclusive, aumentando a quantidade total de precipitação muito além da chuva que pode ser observada.
Com os efeitos da evapora, durante o dia, e da condensação, durante a noite, a quantidade total de água que chega ao solo, diariamente, é aumentada em até 65% devido à influência das árvores.
Em áreas distantes do mar, a floresta chega a ser responsável por até 75% da chuva. Assim, se derrubamos a floresta estamos criando desertos. As florestas retornam dez vezes mais água ao solo do que os sistemas a solo nu e, certamente, absorvem muito mais água no momento da chuva, evitando, assim, a erosão superficial.
Na verdade, as florestas podem ser consideradas como imensos lagos cheios de água em constante reciclagem com o solo e a atmosfera.

OS ANIMAIS E SEUS BENEFíCIOSDentro da Permacultura, animais executam funções vitais de reciclagem de nutrientes e de trabalho mecânico. Apesar de serem pobres conversores de energia, quando comparados às plantas, os animais são os elementos móveis de um sistema vivo e devem ser incluídos seja para proverem parte da alimentação básica, seja unicamente, como processadores de nutrientes.
Vamos analisar a galinha, por exemplo. ela é um animal de pequeno porte, com uma variedade enorme de produtos e comportamentos, com certas necessidades básicas que necessitam ser supridas de dentro do sistema. Primeiro, criamos interações com outros elementos, de forma a que as necessidades da galinha sejam supridas; então, introduzimos elementos que utilizem seus produtos. Até mesmo o trabalho de ciscar, que a galinha executa, e o seu esterco podem ser utilizados diretamente, com um planejamento adequado. Isso é o que chamamos de “tratores vivos”.
Tratores Vivos são técnicas de utilização do comportamento natural dos animais para limpar, arar e fertilizar a terra. Galinhas, porcos, patos, gansos e outros animais poderão ser utilizados dessa forma, criando sistemas rotativos que economizam o trabalho da pessoa e, ao mesmo tempo, beneficiam o animal e o ambiente.

O ENSINO DA PERMACULTURAA palavra Permacultura é registrada, internacionalmente, como propriedade do Instituto de Permacultura ? Austrália. Qualquer pessoa que admita a ética da Permacultura pode utilizá?la no seu dia?a?dia com a única restrição de que o ensino da Permacultura (cursos de curta ou longa duração) só poderá ser ministrado por graduados do Instituto ou por aqueles formados por esses graduados.


BIBLIOGRAFIAMollison, Bill - Permaculture, A Designers Manual, Tagan Publications, Austrália,1989.Mollison, Bill e Slay, Reny M. - Introdução à Permacultura, Tagari Publications, 1991.Morrow, Rosemary - Earth Users Guide to Permaculture, Rodale, 1992Marsha Hanzi – O Sitio Abundante: co-criando com a natureza – Permacultura.Edição da autora (Edições Alecrim) - 2003
André L. J. Soares

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MONSANTO ACEITA RESPONDER POR DANOS DOS TRANSGÊNICOS
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2003/11/06/12703-monsanto-aceita-responder-por-danos-dos-transgenicos.html

A cobrança de royalties dos produtores brasileiros que plantarem a semente geneticamente modificada foi discutida nesta quarta-feira (5) por deputados e executivos da Monsanto, a multinacional que detém a patente da soja transgênica.
O relator da MP dos transgênicos, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que, se a empresa defende o pagamento de royalties, deve ser responsabilizada pelos eventuais danos que o uso da biotecnologia possa trazer ao cidadão e ao meio ambiente. Ele afirmou que essa exigência vai ser incluída ao texto da Medida Provisória. No texto original, só o produtor é responsabilizado. O presidente da Monsanto, Richard Greubel, disse que aceita o desafio.
O deputado cobrou dos executivos respostas para uma lista de perguntas sobre transgênicos, enviada à Monsanto em outubro por deputados da bancada ruralista do Rio Grande do Sul. Os parlamentares também pediram que a Monsanto disponibilize todos os relatórios dos processos de licenciamento nas áreas de saúde e meio ambiente.
O pagamento dos royalties deve ser feito no momento da comercialização e o valor vai ser definido depois da aprovação da Medida Provisória 131/03, que permite o plantio da soja transgênica no País. A estimativa é de que o produtor tenha de desembolsar de R$ 1 a R$ 1,5 por cada saca de 60 quilos do grão. A cobrança seria feita a partir da próxima safra, apesar do argumento de agricultores que parte das sementes veio da Argentina.
Durante o encontro, o presidente da Monsanto apresentou aos deputados planilhas de custos operacionais da empresa e documentos confidenciais, que mostram um mapeamento dos locais onde a soja geneticamente modificada está sendo plantada no Brasil.
Greubel afirmou que o investimento da multinacional em biotecnologia, que é de um milhão de dólares por dia em pesquisas, justifica a cobrança de royalties. “Nossa intenção, como acontece em todos os países onde atuamos, é deixar a maioria do valor da tecnologia com o produtor, e depois a Monsanto vai ficar com um percentual desse valor real pela tecnologia agregada”.
O relatório da MP dos transgênicos deve ser apresentado na próxima segunda-feira (10), último dia do prazo de tramitação da proposta. A matéria recebeu 109 emendas e caso não seja votada até a próxima segunda, passa a trancar a pauta do Plenário.
Paulo Pimenta afirmou ainda que pretende ampliar no Congresso a discussão sobre as sementes geneticamente modificadas. O deputado quer promover uma audiência pública com a presença da Monsanto e outras empresas que atuam no mercado brasileiro de biotecnologia, com desenvolvimento de pesquisas e estudos e participação significativa no mercado, entre elas a Bayer.
TV Câmara promove debate sobre transgênicos
Nesta sexta-feira (7), na TV Câmara, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, e o pesquisador da Embrapa, Elíbio Rech, vão debater a segurança alimentar, a liberação do plantio e da comercialização de transgênicos, a rotulagem, e as propostas do Governo que estão em tramitação na Câmara sobre o assunto. Também participam da discussão os deputados João Alfredo (PT-CE) e Leonardo Vilela (PP-GO).
O programa será transmitido ao vivo pela TV Câmara às 9 horas, e simultaneamente pela Rádio Câmara. Quem quiser poderá participar enviando sua pergunta pelo telefone 0800 619 619 ou pelo e-mail camaraagora@camara.gov.br
A TV Câmara pode ser sintonizada no canal 27, em UHF, no Distrito Federal; e nos canais 14, da NET; 28, da Sky Net; 16, da TECSat; 235, da Direct TV; e por antena parabólica, em todo o País. Já a Rádio Câmara pode ser sintonizada no Distrito Federal, na freqüência modulada de 96,9 Mhz.(Agência Câmara)

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Diagnóstico e propostas para C&T&I

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http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=6387&bd=2&pg=1&lg=


Diagnóstico e propostas para C&T&I

Conferência paulista reuniu nesta semana 400 pesquisadores para discutir aprimoramento dos sistemas científicos e tecnológicos


Fabricio MarquesEdição Online - 15/04/2010
© Eduardo Cesar

Iniciativas sugeridas nas mesas redondas do evento contemplaram desde a necessidade premente de ampliar o número de doutores formados no estado de São Paulo até a criação de um instituto virtual de ecologia social e econômica
A Conferência Paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação, que reuniu 400 pesquisadores no auditório da FAPESP entre os dias 12 e 13 de abril, alinhavou um elenco de metas e propostas com potencial para aprimorar os sistemas científicos e tecnológicos de São Paulo e do Brasil num horizonte de 15 a 20 anos. As iniciativas sugeridas nas cinco mesas redondas do encontro contemplaram desde a necessidade premente de ampliar o número de doutores formados no estado de São Paulo até a criação de um instituto virtual de ecologia social e econômica, passando pela discussão de uma reforma na estrutura das universidades e do sistema de pós-graduação.

“O que me chamou a atenção de maneira positiva foi o fato de que algumas das ideias foram muito recorrentes. Há, portanto, uma convergência entre os vários tópicos apresentados. E as intervenções foram bastante otimistas, mostrando que há um progresso em curso nos sistemas paulista e brasileiro de C&T&I”, disse o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, no encerramento do encontro. O evento foi uma reunião preparatória para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será realizada em Brasília entre 26 e 28 de maio.

O debate sobre as razões que levam as empresas a inovar foi um dos destaques da mesa redonda Pesquisa e Desenvolvimento no Setor Privado. Pedro Wongtschowski, diretor-presidente do Grupo Ultra, contestou a ideia, corrente no mundo acadêmico, de que as empresas brasileiras são acomodadas e resistem a utilizar o conhecimento gerado pelos pesquisadores. Segundo Wongtschowski, a equação é outra. Uma empresa inova não porque deseja, mas quando o aprimoramento de seus produtos ou serviços é exigido para manter-se competitiva no mercado. Wongtschowski também criticou a voracidade das universidades na hora de negociar contratos de propriedade intelectual. Disse que os pesquisadores, com frequência, sobrevalorizam a contribuição que estão dando ao produto ou processo desenvolvidos – em geral apenas num elo de uma extensa cadeia de inovações desenvolvidas pela empresa – e exigem royalties exagerados. Sugeriu que a definição da remuneração seja feita após o produto chegar ao mercado, a fim de alcançar um valor atrelado ao ganho gerado.

A estrutura dos sistemas de incentivo também foi alvo de crítica de Wongtschowski. “A Lei do Bem, por exemplo, atraiu cerca 300 empresas em 2007 e 450 em 2008. Isso é muito pouco”, disse, referindo-se à Lei no 11.196 de 2005, que estabelece incentivos à inovação tecnológica. Segundo o coordenador da mesa, Sérgio Robles Reis de Queiroz, professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp), o debate mostrou que há limites para as ações indutoras de inovação. “Não é a oferta dessas ações que vai mobilizar as empresas. É preciso haver demanda”, disse, lembrando que o ambiente econômico brasileiro, com taxas de juros elevadas e câmbio sobrevalorizado, atrapalha a competitividade das empresas e sua disposição para inovar.

José Fernando Perez, presidente da Recepta Biopharma e ex-diretor científico da FAPESP, defendeu uma maior flexibilidade dos investimentos governamentais federais destinados à pesquisa. “Uma pequena mudança durante o projeto gera problemas com o uso da verba que já estava marcada”, disse. Perez contrapôs-se à declaração de Wongtschowski sobre a “voracidade” dos pesquisadores e afirmou que hospitais de pesquisa dos Estados Unidos impõem negociações duríssimas com empresas relacionadas aos royalties. Ronald Martin Dauscha, do Centro de Inovação, Educação, Tecnologia e Empreendedorismo do Paraná (Cietep) da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), disse que o sistema de inovação pressupõe articulação entre os atores envolvidos que ainda falta no país. Ele também ressaltou a importância de se classificar as empresas conforme a sua maturidade em pesquisa e inovação. “Não é possível classificar pelo tamanho. Há pequenas empresas extremamente inovativas e empresas de grande porte que desconhecem a pesquisa”, comparou Dauscha, que é um membros da coordenação da área de Pesquisa para Inovação da FAPESP.

Áreas Focais para Pesquisa e Desenvolvimento em São Paulo

O físico Cylon Gonçalves da Silva, professor emérito do Instituto de Física da Unicamp e coordenador adjunto da FAPESP para Programas Especiais, propôs uma série de prioridades à mesa redonda Áreas Focais para Pesquisa e Desenvolvimento em São Paulo. Segundo a sua avaliação, no campo das ciências exatas e engenharias a ênfase deveria ser canalizada para a nanotecnologia, entendida como o controle da matéria na escala de átomos e moléculas, com foco para tópicos como a fotossíntese artificial e o armazenamento de grandes quantidades de energia. Também propôs investimentos na chamada e-science, que são as ferramentas conceituais para tratar vastas quantidades de dados, para auxiliar disciplinas como a astronomia e a genômica, entre outras.

No campo das ciências da vida e da saúde, a prioridade deveria ser a nanobiotecnologia, a fim de desenvolver novos processos de diagnósticos e de criar moléculas capazes de atingir alvos precisos no corpo humano, acredita o físico. Como a maior parte da população do planeta vive em cidades, Cylon estabeleceu como meta para as ciências sociais e humanas um esforço para entender e controlar a ecologia do ambiente urbano. A pesquisa interdisciplinar é essencial para vencer os desafios da ciência, segundo Cylon. “Nosso desafio é estimular as novas gerações de pesquisadores a explorar o vazio das disciplinas tradicionais”, afirmou.

O economista João Furtado, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de inovação tecnológica da FAPESP, chamou atenção para o fato de que os atores envolvidos no processo de desenvolvimento tecnológico e de inovação confundem frequentemente seus papéis no Brasil. Segundo ele, a universidade ora cumpre papel que pertence não a ela, mas às empresas, ora se exime de fazer o que se espera dela. Para estabelecer um desenho preciso, é fundamental que cada ator compreenda seu papel e que, eventualmente, se estabeleçam regras para que os envolvidos saibam o que devem e o que não devem fazer.

Carlos Américo Pacheco, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), retomou um tema tratado pela mesa sobre Pesquisa e Desenvolvimento no Setor Privado e abordou as limitações que as políticas públicas enfrentam para estimular a inovação, em meio a um ambiente desfavorável, com carga tributária elevada e juro real muito alto. “Temos uma política agrícola exitosa porque ela estabelece compensações. O juro é tabelado. Ninguém paga a taxa Selic”, afirmou. Segundo ele, os instrumentos de agências de fomento para estimular a inovação são fracos para se contrapor à influência do ambiente macroeconômico na vida das empresas. Citou, por exemplo, o fato de apenas 1.500 empresas terem sido apoiadas com recursos dos fundos setoriais nos últimos dez anos. “É muito pouco. Mas sou otimista em relação ao futuro. O Brasil, com o tamanho de sua população e a riqueza de seus recursos naturais, não há como não ser relevante no futuro”, afirmou Pacheco.

Pesquisa acadêmica

A necessidade de aumentar o número de pesquisadores foi a tônica da mesa redonda sobre Pesquisa Acadêmica, que reuniu pró-reitores de pesquisa de diversas universidades públicas paulistas. Segundo os participantes, não é possível esperar que as três universidades estaduais ampliem ainda mais seus programas de formação de doutores, pois a capacidade está chegando ao limite. O crescimento de outros centros, notadamente em universidades federais e também nas instituições privadas instaladas no estado, será a saída para que o número de pesquisadores cresça a ponto de o Brasil manter-se competitivo com o time de nações desenvolvidas. O principal gargalo está nos ensinos médio e fundamental, cuja qualidade insuficiente faz com que um número limitado de estudantes bem formados consiga chegar às universidades.

Outro ponto abordado foi a necessidade de melhorar a qualidade da pesquisa feita na universidade. A internacionalização da ciência brasileira, segundo os participantes, é essencial para que os artigos produzidos por nossos pesquisadores tenham mais impacto. Klaus Werner Capelle, pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal do ABC (UFABC), ressaltou que a inserção da pesquisa nacional no cenário mundial fica aquém do desejável e do possível, devido, principalmente, a barreiras de comunicação. Ele propôs políticas para financiar e apoiar cursos de redação científica e de conversação em inglês para pesquisadores e estudantes, além de uma agressiva campanha de divulgação da pesquisa brasileira no exterior.

Ronaldo Pilli, pró-reitor da pesquisa da Unicamp, mostrou o esforço da universidade em se internacionalizar, por meio, por exemplo, da ampliação de programas de estágios de iniciação científica no exterior e do financiamento de visita de professores estrangeiros por até dois meses. A Unicamp, disse Pilli, busca formas jurídicas para contratar pesquisadores estrangeiros, por períodos de um a dois anos, sem a proibição hoje imposta de fazer o processo seletivo em idioma estrangeiro.

Há gargalos, também, em pessoal e infraestrutura. Segundo o pró-reitor de pesquisa da USP, Marco Antônio Zago, é irreal imaginar que as universidades irão ampliar consideravelmente o número de vagas de docentes nos próximos anos. O incentivo à formação de pós-doutores, segundo Zago, é fundamental para aumentar o contingente de talentos envolvidos diretamente em pesquisa. A contratação de pessoal técnico e administrativo também foi apontada como essencial para que os pesquisadores se desincumbam de tarefas burocráticas, como prestações de contas, e envolvam-se mais em pesquisa, assim como para potencializar o uso de equipamentos que, hoje, muitas vezes estão ociosos por falta de quem saiba fazê-los funcionar. “A escassez de pessoal técnico é o principal gargalo, hoje, na expansão da capacidade de pesquisa das universidades brasileiras”, disse Zago. Ele também propôs uma reforma universitária capaz de quebrar as barreiras dos departamentos e abrir espaço para a pesquisa interdisciplinar, além de reformular a pós-graduação em bases que atendam não a anseios coorporativos, mas às novas necessidades do país.

Formação de recursos humanos

A mesa Formação de Recursos Humanos, que reuniu pró-reitores de pós-graduação das universidades públicas paulistas, também apontou as deficiências no ensino fundamental e médio como um dos principais problemas de São Paulo e do Brasil. Vahan Agopyan, pró-reitor da USP e membro do conselho superior da FAPESP, destacou que parte do problema da evasão de alunos das universidades públicas é explicada pelas dificuldades de acompanhar os cursos. “Eles não conseguem médias mínimas, pois chegam despreparados à universidade”, disse.

Para o pró-reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardo Arantes do Nascimento Teixeira, o problema tem vínculos com a desvalorização da carreira docente. “Temos um grande número de vagas ociosas nos cursos de licenciatura, pois é difícil encontrar alunos dispostos a seguir a carreira docente”, afirmou. A falta de atualização dos métodos didáticos é outro fator que dificulta o aprendizado dos universitários, segundo Marilza Vieira Cunha Rudge, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Os alunos não suportam longas aulas teóricas. Eles estão acostumados com métodos de aprendizado colaborativo que não estamos empregando”, disse. De acordo com ela, é preciso também pensar em novos formatos para os cursos de pós-graduação que atendam esse novo público. “É preciso respeitar o perfil da nova geração”, disse.

Outra questão permeou as discussões: o modelo de pós-graduação vigente no país é adequado para os desafios da pesquisa? A permanência do mestrado como pré-requisito para a formação de doutores foi questionada pelos participantes. A pró-reitora da Unesp, por exemplo, sugeriu uma redução no tempo de formação, acoplando o mestrado à graduação e diminuindo o tempo de doutoramento para três anos, de modo que, como ocorre na Europa, o prazo para obter graduação e doutorado fosse restringido para sete anos. Exemplos como o da Unicamp, que conseguiu abreviar a etapa do mestrado na formação de muitos alunos que fizeram iniciação científica durante a graduação, e da UFSCar, que frequentemente promove mestrandos ao doutorado direto, foram apontadas como boas alternativas para o sistema de pós-graduação paulista, que é mais maduro do que em vários outros estados brasileiros. Mas a formação deficiente dos graduados foi apontada como um empecilho para abolir o mestrado.

São Paulo e o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Na última mesa redonda, “São Paulo e o Sistema Nacional de C,T&I”, o professor Shozo Motoyama, diretor do Centro Interunidade de História da Ciência da USP, tratou de três pontos fundamentais. Primeiro, chamou atenção para a falta de coordenação entre pesquisadores, instituições e projetos. Depois, fez um apelo para que o sistema paulista aumente sua capacidade de inserção política e institucional, relacionando-se melhor com o sistema político, tanto no nível estadual quanto no federal. Por fim, propôs a criação de um Instituto Virtual de Ecologia Urbana. Motoyama chamou a atenção para a importância de enfatizar a ação inovativa na área social. Segundo ele, a pobreza, os problemas de saneamento básico, urbanização, violência e intolerância – que são problemas fundamentais da atualidade – não foram tratados ainda de forma articulada, mas apenas em aspectos setoriais. “Minha proposta é ousada. Sugiro a criação, nos moldes do Programa Biota-FAPESP, de um instituto virtual de ecologia social e econômica. Essa ideia, mesmo com todas as dificuldades que ela pressupõe, contribuiria profunda e amplamente para a sociedade paulista, brasileira e global, trazendo subsídios importantes para a adoção de políticas públicas inovadoras em todas as esferas de governos”, defendeu.

Luiz Henrique Lopes dos Santos, professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, elogiou a proposta de Motoyama, mas lembrou que para a criação de um grande programa voltado para as Humanidades é preciso haver demanda clara e organizada da comunidade científica. “Se existe na comunidade científica um vulto significativo de pesquisadores que estão dispostos a dedicar seus esforços a um determinado campo, é importante ter iniciativas de porte como essas. Foi o que presenciei, por exemplo, na ocasião da criação do Programa Genoma. Mas é preciso ter cuidado para não formar, por meio da criação de um grande programa, uma demanda artificial”, afirmou Santos, que é coordenador adjunto de Ciências Humanas e Sociais, Arquitetura, Economia e Administração da FAPESP.

Segundo Lopes dos Santos, as Humanidades não estão perdendo espaço em relação à oferta de bolsas e investimentos em projetos de pesquisa. “Tanto na FAPESP como em nível federal, o que observamos é que tem diminuído o número de solicitações de bolsas e apoios. Isto é, o que está caindo é a demanda, não a oferta de auxílios nas áreas de ciências humanas”, afirmou. Ele deu como exemplo as chamadas de propostas do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, que, entre 2001 e 2004 contemplou 80 projetos, mas entre 2005 e 2008 aprovou apenas 41. “Faltam mobilização da comunidade acadêmica e projetos com maior impacto”, afirmou.

De acordo com Lopes dos Santos, o crescimento das áreas de humanidades é proporcional ao do sistema de ciência e tecnologia em geral. Os recursos disponíveis acompanham esse crescimento, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “Além da demanda pouco ousada para grandes projetos em humanidades, temos dificuldade em inserir nossa produção acadêmica na agenda internacional. Trazemos pesquisadores visitantes e vamos ao exterior, mas não conseguimos ainda nos inserir em uma rede colaborativa internacional. Essa atomização da pesquisa é um gargalo importante do nosso sistema”, afirmou.

Fernando Landgraf, diretor de inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), defendeu a necessidade de se estabelecer uma métrica mais eficaz para avaliar empresas e instituições que se dedicam ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. “Nossa proposta, no IPT, é bastante simples, mas tem um cunho educativo. Ela se baseia em utilizar como indicador de avanço da inovação o número de contratos com cláusulas de propriedade intelectual”, disse. Segundo Landgraf, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) indicou em seu Mapa Estratégico da Inovação que a inovação é um dos pilares para a ação da indústria na construção do desenvolvimento sustentável. O uso de indicadores, por sua vez, é essencial para o avanço da atividade de inovação. “Os institutos de pesquisa devem ser conectores entre a universidade e a indústria, por isso procuramos propor um indicador que leve em conta essa relação. A CNI, representando a indústria, sugere como indicador de avanço da inovação a produtividade dos institutos e universidades, incluindo o número de serviços prestados e total da força de trabalho dedicada à atividade. Mas é um indicador fraco”, afirmou.

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